Analisar a relação é melhor antes. No máximo, durante.
O desafio não move nada nem ninguém. É o prazer que move. O deleite, o gozo, o bem-estar que só a vitória pode proporcionar. Ninguém faz absolutamente nada pelo caminho que vai percorrer, mas pela glória da bandeirada, por mais incerta que seja. Não há nada mais falso do que um sorriso diante de um desafio sem perspectiva de gozo final.
Desafio por desafio não causa alegria alguma – muito pelo contrário – nem para quem faz o que gosta. Duvido que um happy while substitua um happy end. Duvido que um dia a dia prazeroso substitua as congratulações pela obra realizada. Duvido que mil dribles substituam um gol.
Ninguém treina para não jogar. Ninguém ensaia para não estrear. E não é hedonismo, em absoluto. É realização.
Filantropia e voluntariado seriam exceções? Definitivamente não. Até as pessoas mais caridosas do mundo esperam obter prazer sobre o trabalho que realizam, óbvio, e não é dinheiro a questão. Pode ser tanta coisa que dinheiro é apenas a primeira ideia que vai à mente das pessoas menos criativas. O engenheiro que projeta o edifício mais alto do mundo espera ser bem remunerado, mas não acredito que abra mão, em condições normais, de sua assinatura na construção. E o que poderia ser “ego inflado”, em competitividade genuína nada mais é do que uma saudável autoestima. Daquelas indispensáveis na aceleração do desenvolvimento em qualquer nível ou lugar.
Hoje em dia faz cada vez mais diferença se você trabalha para viver ou vive para trabalhar, se você muda conforme a posição da cenoura. Atitudes que influem substancialmente na qualidade do seu material. Afinal, trabalhar é um desafio necessário e a nossa principal ferramenta para aprender. Mas não é o objetivo. Não é a finalidade. Não é a missão. É o meio. E para cada meio há uma análise aristotelicamente lógica que fazemos automaticamente: vale? Compensa? Rende? Aprende-se? Ganha-se?
Enfim, a boa e velha relação custo/benefício. É isso o que nos move: muito prazer.
Por Marcio Akio, redator.
Almendro en flor, 1890
Vincent Van Gogh
Vincent Van Gogh
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