16 de novembro de 2011

aquieta

Aquieta

isso do silêncio e do estático, de parar por 2 minutos que sejam, dessa vontade que, imóvel, conseguir suspender também os pensamentos e o coração. Em instantes de entremeios, aquietar a boca sedenta da busca da alma. De saciar, por três minutos que sejam, a voracidade do espírito. De fazer dormir, aqui e agora, a constante pulsante de desejar. De suavizar, por quatro minutos que sejam, a asperidade das arestas. De, neste instante, encontrar-me quieto, absolutamente quieto por dentro.

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2 de novembro de 2011

Somos adultos demais




Às vezes penso que foi tudo em vão
Parei pra pensar tantos anos depois
Se lembra quando éramos mais jovens, e tudo parecia ser mais fácil?
Acho que crescemos demais
Aconteceu o que temíamos, não vamos mais nos entender
Se foi a Natureza ou o Sistema, só o tempo dirá

Vou seguir meu caminho, lutar pelo o que insisto em acreditar
Vou tentar entender o seu
Desculpe dizer isso, mas parece que você se vendeu
Mas que te traga paz, leveza e força pra continuar
A vida é mesmo estranha, nada é mais para sempre

Espero um dia poder sentar ao seu lado
E gordos e conformados podermos rir
Que nossos questionamentos não tenham sido em vão
Espero que algo tenha mudado até, então
Somos adultos demais
Caminhos opostos e individuais
Tempo de crise e muita confusão
Queria lutar junto com você... mas parece que não

Se canto esta canção, é porque ainda tenho fé
Se o sorriso é tão forçado, é porque não estou em paz nem ao seu lado
Se não sentimos nada, devemos tentar viver
E se o sistema nos separou, tentar nos entender
E continuar a acreditar que o (pior) é dialogar
Mesmo de longe, te evitando, te considero um irmão
Se tenho dúvidas demais, por isso escrevo esta canção.


CANÇÃO PARA AMIGOS
dead fish

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1 de novembro de 2011

P A X > E T > A M O R


A vida é meio maluca. Lê-se um rascunho aqui, escuta-se um refrão ali e nada é completo. Parece como que estes tempos modernos trouxeram pelo braço a incompletude e tudo veio em mil-e-muitas partes. É muito fácil e cômodo obter partes de informação, trechos de algo maior que nunca é descoberto por completo. Fico sempre com a sensação de que o que sinto é incompleto, raso e aguado. Pseudo-sentires. Que os porquês que meus sentidos aguçados captam são meros meios-porquês. Um vazio incondicional que raras vezes é preenchido. Só naquela gargalhada profunda e sincera com uma grande besteira que, em meio a amigos reunidos, seu amigo solta. Naqueles raros momentos em que parece existir um Deus, Força Maior, Luz - ou como você queira chamar, capaz de dar sentido a esta rotina de dias. Ou naquele sentimento que, vez ou outra, parece emergir à superfície do coração, que ultrapassa os objetivos que sempre temos para cada ação, e simplesmente se revela como algo sem sentido, apenas sendo. Ou naquele Sol que se vê firme no horizonte num fim de tarde amarelado, em meio à temperatura perfeita pro corpo, com iluminação digna de ouro em Cannes. Num texto que te dá um choque e te faz compreender algo que você tava pensando há muito tempo. Num ensino digno de reverência. Ou num Van Gogh. No horizonte. Música. Amor. Violino. Eureka. Réveillon. Estes estados de percepção deveriam ser mais comuns. Ou não, vai ver a raridade é o combustível do prazer.

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pensamento //

Meu conceito de jardim determina o que é praga ao redor de mim. // Afonso de Sant'Ana

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31 de outubro de 2011

esbranquear

tudo que sai, tem tom de limpeza
de água suja que sai, e um dia novo que chega
tudo que se vai, é o que não se deva
e assim que se sai, algo menos que lateja.


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16 de outubro de 2011

meu caro,
se você não encontrar a paz em você e na Natureza,
pode desistir de encontrá-la em outro lugar.



olha... é o Sol, é o Céu, é o Mar... ♪



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o meio

Quem coloca-se sempre em evidência, teme o anonimato
Quem mostra-se demais sempre a postos, julga ser melhor do que a multidão
Quem está sempre a falar, tem medo do silêncio e de suas descobertas
Quem pouco fala, receia o compromisso das palavras
Quem brinca demais, teme encarar a retidão da seriedade
Quem quer desesperadamente ser sempre o melhor em tudo, tem medo de se descobrir um perdedor em algo
Quem critica demais, teme se encarar
Quem fala demais dos outros, teme ver o que reflete o espelho
Quem deseja sempre a solidão, teme a união e suas implicações
Quem busca sempre estar com alguém, teme a solidão e suas constatações
Quem nunca dá ordens, teme a responsabilidade do comando
Quem sempre obedece, teme o custo da autonomia.

O Caminho está no meio.


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8 de outubro de 2011

Som que há em tudo nos incendeie.


Chove lá fora, e aqui, mano, aqui não chove, graças à Deus... Tem muita casa por aí em que está chovendo, mas aqui, não chove, graças à Deus. Mas e aí, e na casa de quem chove. O que desta informação me diz respeito: pergunta-se o famoso “o que que eu tenho a ver com isso”?

Nossa caminhada nesta terra é custosa! Horas de seca intensa, momentos de chuva que inunda tudo, incêndios que destroem casas, plantações, florestas, tempos de chuva que fazem perder as safras... O suado pão de cada dia pra todos custa muito de um jeito ou de outro: Pra uns custa o trabalho pesado, começado cedo, nem sempre bem remunerado... Pra outros, pra quem “olhando daqui”, parece que não custa porque já vem de berço, custa falta de sentido, de alegria, de prazer, de amor. E a pergunta, que pelo menos pra mim é recorrente é: “Pra que diabos isso?”, Porque este sofrimento todo? Chove lá fora, a criança chora de fome, de frio, de febre, meu time perde, quem alguém quer já não quer este alguém.

Tem um ditado árabe que pergunta: “Persistindo o prazer, o prazer persiste?” Nesta antiga indagação que nossa espécie pelos milênios conquistou, talvez resida parte importante da explicação pras nossas pelejas: A dor (parece ser) necessária pra que demos valor ao prazer.

E nos darmos as mãos é necessário pra que demos valor à oportunidade de partilharmos a experiência riquíssima de convivermos, nós todos juntos, neste nosso tempo do mundo!

Minha intenção não é aqui “fechar” uma resposta! Porque eu também (acreditem, intensamente) procuro por ela. O que quero é dividir, e quem sabe, receber Luz pra encontrar com ela. Mas algumas certezas vão se cristalizando:
- A entrega alegre e despojada ao trabalho é que gera a alegria de colher os resultados esperados, e gera o trabalho que faz diferença pra nós, e pros que estão ao nosso redor;
- A entrega nos relacionamentos amorosos é que gera o prazer transcendente, que pode chegar a satisfazer nossas almas sequiosas pela alegria, que sabemos, está “em algum lugar”;
- A entrega ao sentimento de fraternidade é que pode gerar um tempo de menos violência e mais gentileza entre nós!

E olha que continua a chover lá fora. Graças a Deus.


Por Chico Nogueira

A última ceia,
Salvador Dalí - 1955

O Amor é como Deus; ambos só se oferecem aos seus serviçais mais corajosos.


Asim como nenhuma planta cresce contra a morte, não existem meios simples de se facilitar uma coisa difícil, como no caso da vida. Podemos somente eliminar a dificuldade por meio de um correspondente emprego de energia. As soluções libertadoras só existem quando o esforço é integral. Todo o resto é coisa mal feita e inútil. Só se poderia pensar em amor livre se todas as pessoas realizassem elevados feitos morais. Mas a idéia do amor livre não foi inventada com esse objetivo e sim para deixar algo difícil parecer fácil. Ao amor pertencem a profundidade e a fidelidade do sentimento, sem os quais o amor não é amor, mas somente humor. O amor verdadeiro sempre visa ligações duradouras, responsáveis. Ele só precisa da liberdade para escolha, não para sua implementação.Todo amor verdadeiro, profundo é um sacrifício. Sacrificamos nossas possibilidades, ou melhor, a ilusão de nossas possibilidades. Quando não há esse sacrifício, nossas ilusões impedirão o surgimento do sentimento profundo e responsável, mas com isso também somos privados da experiência do amor verdadeiro. O amor tem mais do que uma coisa em comum com a convicção religiosa: ele exige um posicionamento incondicional, ele espera uma doação completa. E como apenas aquele que crê, aquele que se doa por completo a seu Deus, partilha da manifestação da graça de Deus, assim também o amor só revela seus maiores segredos e milagres àquele capaz de uma doação incondicional e de fidelidade de sentimentos. Como esse esforço é muito grande, só alguns poucos mortais podem vangloriar-se de tê-lo realizado. Porém, como o amor mais fiel e o que se doa ao máximo sempre é o mais belo, nunca se deveria procurar o que pudesse facilitá-lo. Só um mau cavaleiro de sua dama do coração recua diante da dificuldade do amor. O Amor é como Deus; ambos só se oferecem aos seus serviçais mais corajosos.


(JUNG, Carl; Sobre o Amor - Seleção e edição de Marianne Schiess; Editora Idéias & Letras, Aparecida, SP, 2005; pg.23)

Vincent Van Gogh,
unknown name

28 de setembro de 2011

pensamento //

Meu otimismo está baseado na certeza de que esta civilização está para se desmoronar. E meu pessimismo está em tudo o que se faz para nos arrastar em sua queda. // Desconhecido

25 de setembro de 2011

de adição


... que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica,
nem com balanças, nem barômetros. Que a importância de uma coisa
há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.

// Manoel de Barros

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18 de setembro de 2011

hic et nunc


Não diga que as estrelas estão mortas / só porque o céu está nublado
Não se iluda / Pé que dá fruto é o que mais leva pedra
Uma raiz é uma flor que despreza a fama...

Olha lá vai passar o terceiro mundo
E quem é de...
Vai chorar de...


UMA RAIZ, UMA FLOR
fino coletivo / wado


13 de setembro de 2011

ímpares proporções

eu sou uma grande soma de partes
de pedaços ímpares de algo
de diferentes valores, crenças, utopias e nacionalidades
dentro disso tudo, tento me encontrar
buscando equilibrar as proporções de cada coisa
para desse mesclar, ser quem sou.

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(a)pesar, mas nunca cristalizar.


não da ignorância intelectual
dentre as ignorâncias, esta é a menos importante
mas sim, a ignorância da Vida
esta que apequena o porvir
que faz sucumbir espíritos frente ao pão
que azeda os corações alheios

é por falta de conhecimento de si
do real papel que o humano tem a empenhar,
determinado a Ordenar
é por ignorar o real motivo do existir
é por não saber se portar
que esta ignorância à muitos se aprega,
feito praga, por todos os lados
dentro das igrejas, nos tribunais
lá fora e cá dentro...
cá dentro são todos iguais.

Interior de pobres II,
de Lasar Segal

o Porto é aqui.


Digo de coração:
muito melhor assim
mas talvez fosse melhor ter ficado calado
dores que ninguém nunca sentiu,
é o sentimento mais comum
já vi o fim do mundo algumas vezes,
é o sentimento mais comum
já vi o fim do mundo algumas vezes,
e na manhã seguinte tava tudo bem.

Foi o fim de uma viagem
e o guia estava errado
mas há estrelas atrás das nuvens
no céu da pátria nesse instante
há um porto escondido
no coração do viajante.


de MELHOR ASSIM,
por Engenheiros do Hawaii

Jolly Flatboatmen in Port,
de Bingham

11 de setembro de 2011

8 de setembro de 2011

a vida é o caminho

dessa luta diária
de celebrar o caminho
ou alcançar o destino
parece tolo lutar
pensando sempre no futuro
renegando o presente, pisando em nada
sacrificando o imediato.

É mais significado
lutar e aproveitar a luta
saborear o existir, sentir o vento no rosto
porque sempre fica a dúvida:
valem 70 anos mal dormidos,
ou uma vida inteira de feliz-caminho?

a estrada é mais interessante
que o destino.

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5 de setembro de 2011

direção-Mar


disso que acontece na vida
é como um rio, que vai
e é impossível nadar, e avançar, contra a corrente
o que nos resta é resignar
e aceitar que o rio corre em um determinado sentido
que você só dobra e desvia
se agacha e pula
não adianta lutar contra, se desvanecer ou berrar
sabedoria é se deixar levar, pro que te chama
e se agarrar ao galho certo quando o nível sobe
mas que o rio vai, e você segue pro vale que ele quiser...
que é sempre pra um bom lugar, o Mar.

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3 de setembro de 2011

dançar na chuva, quando a chuva vem...

o que chamam "civilização"...


Foi avisado: lá não era um bom lugar!
O príncipe ordenou não ser tão curioso
Aquilo podia matar...
Não precisava entender o que chamam "civilização"

Partiu com um sorriso na face
Sem dar ouvidos, lá se foi
Qualquer dia, qualquer lugar, precisava provar

Michel Oghata vai pra cidade aprender vivenciar o belo, ver o seu superior
Tratado como diferente, se assustou
Passaporte, passeou a morte

A lei para os indesejáveis... louros ao vencedor!
Se arrependeu em estar ali e quis fugir... o preço alto demais a pagar!
Não precisa mais do que já sabe
Eles não confiam em ninguém
Não respeitam o Sol... não agradecem à Lua!

Michel Oghata deixa a cidade sem entender
Porque complicam tanto? Porque não deixam viver?
Não entendia a "sorte", não sabia o que era a fé
Não se encaixava em um "destino"

Quem precisa ensinar?
Quem precisa aprender?


MICHEL OGHATA
dead fish

31 de agosto de 2011

E S T O P I M

tá chegando o estopim
lá de longe já dá pra ver
sequer no horizonte, logo ali na primeira esquina

tá tudo errado
a liberdade foi distorcida
a moral foi esquecida
a política foi idiotizada
enquanto a família é banalizada

o trabalho mudou de sentido
da base ao topo da pirâmide
o dinheiro está proclamado no trono de deus
e os valores, bem, os valores...
os valores escorrem pelos ralos dos bueiros, em cidades cinzas, de concreto e pó

os conceitos estão trocados e tudo ruma ao caos nada ordenado

é esperar pra ver.


"... uma angustiosa sensação de véspera de desabamento."

pelo prazer de fazer


Analisar a relação é melhor antes. No máximo, durante.

O desafio não move nada nem ninguém. É o prazer que move. O deleite, o gozo, o bem-estar que só a vitória pode proporcionar. Ninguém faz absolutamente nada pelo caminho que vai percorrer, mas pela glória da bandeirada, por mais incerta que seja. Não há nada mais falso do que um sorriso diante de um desafio sem perspectiva de gozo final.

Desafio por desafio não causa alegria alguma – muito pelo contrário – nem para quem faz o que gosta. Duvido que um happy while substitua um happy end. Duvido que um dia a dia prazeroso substitua as congratulações pela obra realizada. Duvido que mil dribles substituam um gol.

Ninguém treina para não jogar. Ninguém ensaia para não estrear. E não é hedonismo, em absoluto. É realização.

Filantropia e voluntariado seriam exceções? Definitivamente não. Até as pessoas mais caridosas do mundo esperam obter prazer sobre o trabalho que realizam, óbvio, e não é dinheiro a questão. Pode ser tanta coisa que dinheiro é apenas a primeira ideia que vai à mente das pessoas menos criativas. O engenheiro que projeta o edifício mais alto do mundo espera ser bem remunerado, mas não acredito que abra mão, em condições normais, de sua assinatura na construção. E o que poderia ser “ego inflado”, em competitividade genuína nada mais é do que uma saudável autoestima. Daquelas indispensáveis na aceleração do desenvolvimento em qualquer nível ou lugar.

Hoje em dia faz cada vez mais diferença se você trabalha para viver ou vive para trabalhar, se você muda conforme a posição da cenoura. Atitudes que influem substancialmente na qualidade do seu material. Afinal, trabalhar é um desafio necessário e a nossa principal ferramenta para aprender. Mas não é o objetivo. Não é a finalidade. Não é a missão. É o meio. E para cada meio há uma análise aristotelicamente lógica que fazemos automaticamente: vale? Compensa? Rende? Aprende-se? Ganha-se?

Enfim, a boa e velha relação custo/benefício. É isso o que nos move: muito prazer.


Por Marcio Akio, redator.


Almendro en flor, 1890
Vincent Van Gogh

13 de agosto de 2011

pensar //

São seis os elementos: ar, terra, fogo, água, sexo e morte. Não, são sete: e lirismo.

// Paulo Mendes Campos

4 de agosto de 2011

O amor é facinho

Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho – esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?

Eu suspeito que não.

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa – na escola, no esporte, no escritório – levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?

Minha experiência sugere o contrário.

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?

[...]

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.


Por Ivan Martins (via CultBox)

3 de agosto de 2011

suportar as tarjas, censuras e escolhas!



Tratar as pessoas como se tivessem dito o que fazer
O mal que fez a si mesmo, sempre rogado desejando
Por mais silêncio que pudesse haver, não era só por mim!

Suportar as tarjas, censuras e escolhas
Em tudo há consequência!
Tente aceitar a sua... assuma o que é teu.

Para outros, todo o mal
Como é fácil apontar!
Este é o seu melhor, tudo o que pode demonstrar?
Eu sei, nunca vai ouvir
Que Deus é esse o seu, que reza só pra si!?

Ainda bem que insisti em esperar o pior
E ver em copos vazios uma escolha melhor
Não exercer o Poder vindo de ideias tão burras
E aceitar que você podia ser muito mais
Talvez tenha sido cego, mas continuei por paixão
Se o dinheiro não veio, e ninguém pode pagar...
Não precisava ter feito o que fez!

Tente outra vez (ou esqueça pra sempre)
Tornar melhor (você acha que pode?)
Tente outra vez (outra oportunidade)


MÚMIA
dead fish

sobre os escombros a sorrir



Passou muito além do seu destino
Perdeu mais tempo sem nada pra fazer
Todas as coisas fúteis, que ela nunca fez
Se olhando no espelho, rindo de si mesma

É tarde pra definir se tudo foi bom ou ruim
Se nada te fez ver, não se preocupe mais
Seja feliz como nunca se permitiu
Agora já não há tempo pra lamentar...

Sentiu falta de se dedicar a algo ou alguém
Pela primeira vez, teve a vida em suas mãos

Ninguém vai sentir ou ver por você
A recompensa não virá, mas isso não importa
Tudo vai terminar...
Sobre os escombros a sorrir
No meio da multidão, cantando alto a canção


A RECOMPENSA
dead fish

1 de agosto de 2011

ninho de cobras

vanguarda de desonestos
rastro de podridão
terra de cabresto
todos passam a perna em todos
e quem ficar de pé é idolatrado vencedor

onde o que tem olhos cega quem tambem vê
essa terra de miséria
onde tudo se consegue na trapaça
onde ser desonesto é guarnecido por Lei
roubar é estilo de vida
e quem não é tolo também faz

vou embora, ali não luto mais
me enojam os olhos, me azedam o coração
cobra devorar cobra... não tenho tanto estômago
desisti desse lugar.



Latitude
-09° 39' 57''

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el amor es más fuerte!



Pueden robarte el corazón,
cagarte a tiros en Morón,
pueden lavarte la cabeza por nada.
La escuela nunca me enseñó que al mundo lo han partido en dos,
mientras los sueños se desangran por nada.

Pero el amor es más fuerte!

Cuanto podrán disimular la guerra en tiempos de paz?
si aquí los muertos siguen vivos.
Pueden jurar que no es verdad el viejo sueño de volar,
pueden guardarte en una jaula por nada.

Pero el amor es más fuerte!

Pedrito escribe sin parar que el mundo está por estallar
y los demás en la oficina por nada.
Pueden robarte el corazón,
cagarte a tiros en Morón,
pueden lavarte la cabeza por nada.

Pero el amor es más fuerte,
pero el amor es más fuerte,
pero el amor es más fuerte,
pero el amor es más fuerte!



EL AMOR ES MÁS FUERTE
fito paez / tango feroz

27 de julho de 2011

pensar //

O interesse é a única medida do valer a pena. Para o interessado, o outro continente é perto. Para o desinteressado, o outro bairro é longe. // Sabedoria Liviana

24 de julho de 2011

Deixa-me seguir

Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar um fantasma...
Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...

Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...

Toda a tristeza dos rios
É não poderem parar!



Mário Quintana

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12 de julho de 2011

Cada minuto me ensina a não olhar pra trás.

Título basta.

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O quadro

Pessoal, quero dois sonhos no quadro, agora, sem pensar muito pra ser sincero. Luísa foi lá, estrear letras sobre a lousa branca. Não demorou a retornar e pôr-se em sua banca. Luz, tua vez. Já ele de pé, de costas para a classe, meio nervoso sem nem saber porque, com o piloto preto que falhava na mão. Pegou o azul, apoiou o antebraço na lousa pra escrever... parou um pouco, pensou e surgiu rápido: 1. Pular de uma cachoeira. Pensou mais, nada lhe vinha. Enquanto pensava, já achando que estava a tempo demais na frente de todos, reparou que o segundo sonho de Luísa estava vazio — o número, o ponto, e pronto. Achou estranho, mas não se deteve muito nisso. Pensou mais e logo lhe surgiu: 2. Ganhar na loteria — era mais do que óbvio. Foi lá, sentou cheio de sí e olhou pro quadro. Além dos seus, só havia um sonho: 1. Felicidade.

Baixou a cabeça, e envergonhado viu no que se havia tornado.

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16 de junho de 2011

de tamanho e grandeza


Sempre vem, depois de dias mortos a esmo
Quando passa-se pela vida sem sequer tocá-la
Enquanto faz-se dela algo sem sentido real
Tantas metas, sem entender o objetivo central
Aparece na minha porta a cada ato friamente pensado
Enquanto me reduzo a mero instrumento de mercado
Quando me transformo em máquina, nesse homem-coisa
Quando me dizem que o capital fala mais alto
Sempre que vejo uma quantidade valer mais que uma qualidade
Quando passo mais de 6 meses na mesma cidade
Sempre que isso aparece, fico pensando comigo:

A vida é muito grande pra ser pequena.



6 de junho de 2011

// frase

O ser humano só vê claramente no mundo exterior, o que ele pode iluminar com a luz de seu interior. // Rudolf Steiner.

29 de maio de 2011

tudo bem aqui.


nada fora do Homem
e tudo nele próprio
nada fora de nossos sentidos
tudo dentro desses mecanismos mesmos
nada além da mente
tudo por ela criado
nada que não seja sem vontade imperado
tudo que o Homem haja desejado
nada concreto em si mesmo
tudo por ele avaliado
nada de mal em nada
tudo pelo Homem usado
nada verdadeiro nem falso em tudo
tudo por nós valorado.


"O Homem é a medida de todas as coisas." // Pitágoras


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25 de maio de 2011

Quimeras necessárias


Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade.

Esta dupla ação, de extrema importância, arrancar as más raízes e implantar nova moral, constituirá a vida social da humanidade. Aqui a ciência não pode nos libertar. Creio mesmo que o exagero da atitude ferozmente intelectual, severamente orientada para o concreto e o real, fruto de nossa educação, representa um perigo para os valores morais. Não penso nos riscos inerentes aos progressos da tecnologia humana, mas na proliferação de intercâmbios intelectuais mediocremente materialistas, como um gelo a paralisar as relações humanas.

A arte, mais do que a ciência, pode desejar e esforçar-se por atingir o aperfeiçoamento moral e estético. A compreensão de outrem somente progredirá com a partilha de alegrias e sofrimentos. A atividade moral implica a educação destas impulsões profundas, e a religião se vê com isto purificada de suas superstições. O terrível dilema da situação política explica-se por este pecado de omissão de nossa civilização. Sem cultura moral, nenhuma saída para os homens.



Do livro Como vejo o mundo, de Albert Einsten.

23 de maio de 2011

agradeço


às vezes, duvido da retidão de Deus
e principalmente da Justiça perfeita
Ordem exata, sem margem de erro.

É bom demais comigo. Sempre foi.
Em tudo, em cada aspecto. Ao redor, em cada esquina.
Em cada pessoa. Em cada porta aberta.
Em cada placa que chama. Em cada ideia que chega.
Em cada pessoa que clama. Em cada alma que ama.
... em cada oportunidade a mim nomeada.

Não sei se mereço. Desconfio se mereço.
Reverencio..., agradeço.



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19 de maio de 2011

corações encouraçados

>

Na chuva de vaidades, comportamentos que caibam bem
Em hierarquias inferiores, ponderar opiniões cabíveis
Sem rosto... o vazio por não ser você
Quando controlado, esconde a frustração
Mas em controle impõe as mesmas condições

Quem pode ser alguém neste vazio funcional?
Quantos salários vão calar a sua opinião?
Normas de conduta sem respirar
Acomode a angústia só mais uma vez

Guardando a própria lágrima, vendo o outro chorar
O que não pode ser explicado nesse amor que faz matar, que faz morrer
Couraças em regras... a dança por Poder

O vazio de não perceber
O vazio de nunca entender...


COURAÇA
dead fish

verbo ao vento

falo só
pelo que vir
e falo sim
parece que falo só pra mim
comunicação sem volta
o eco como resposta
é assim que soa
às vezes pensando tolo
queimando tempo
desperdiçando verbo.
deslocado
entorpecido
iludido e fim.

.

(c)oração



coração não é tão simples quanto (se) pensa
nele cabe o que não cabe na dispensa ♫ ♪


.

18 de maio de 2011

o navio materialista indo a pique.


Promessas eternas por cumprir, e mortos demais a esperar
sobre uma Terra fértil à espera de mãos pra plantar
Mas os punhos fechados e amargos dos proprietários do terceiro mundo
Beberam sangue demais pra perdoar
Mentalidade tacanha e assassina nas favelas do terceiro mundo
Mortos, suicídios, chacinas, somados, é o que se vê!

Minério, violência, especulação
Bens materiais a amar!
Prédios altos que mostrarão quão grande o tombo será

Mas a ordem e progresso assassina dos educados do terceiro mundo são cegas demais pra perceber
Mas o ódio e a fome dos sem teto do terceiro mundo...
Justiça por caos, podemos ver!


PROPRIETÁRIOS DO TERCEIRO MUNDO
dead fish

17 de maio de 2011

13 de maio de 2011

algumas definições [pra manter vivas, ativas e bem próximas]

Complacência - disposição em atender os desejos de outrem para agradar.

Resiliência - capacidade de restaurar o seu estado original após um grande impacto.

Apego - não querer abrir mão de um desejo, idéia fixa, exigência de resultados pré-determinados. Falta de força.

Vaidade - desejo de querer provocar uma influência positiva na imagem que as outras pessoas tem de você. Ou, desejo de atrair para si a admiração dos outros. Ou, auto-proclamar-se superior. No fundo, medo de descobrir-se falho.

Orgulho - variação da vaidade. Arreio que bloqueia a execução de uma tarefa que deve ser feita.




Baseado em Fóssil Humano.

8 de maio de 2011

...




dar sentido à vida pode levar à loucura
mas uma vida sem sentido é uma tortura da inquietação e do vão desejo.

// colligere


Livre adaptação de
O Grito, de Munch

if is life that we spend day after day...



All I need is to have you here
You make me flow, so sweet too see
All I know is that you make me numb
It's always cool and lives through

Many streams that turn into rivers
In the morning walk I walk near the edge
I even stared at the sky hoping to get closer
In the morning walk I walk near the edge
In the morning walk I walk near the edge
In the morning walk I walk near the edge

I can't decide what is the best thing
Where am I? Where am I? Where am I? Where am I?
And time will take you
And time will take you so slowly and too far
And everyone at his own speed but I will take any
Where am I? Where am I? Where am I? Where am I?
And everyone at his own speed but I'll take any
But I'll take any

If is life that we spend day after day
It's all I need again
If is time that we spend losing all my sense
It's all I need again
It's all I need again to bring you close to my heart
In my mind you have a taste taking all my senses
It's all I need again


THE MORNING WALK
garage fuzz

2 de maio de 2011

destino

a cada hora que passa, cada minuto
me parece que não dá pra fugir do nosso destino
ele me puxa, me chama
à cada esquina, ele me segue
arma situações, elabora soluções
ameniza tormentos
me persegue a cada momento
não me deixa esquecê-lo
me chega por um pensamento, uma foto, uma ideia.

já não sei o que é mais forte
se eu,
ou se... Deus!? (!!??)


Destino, Vontade, Deus ou Acaso?

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1 de maio de 2011

26 de abril de 2011

ser positivo







Tantas divisões pelo caminho
Nossa guerra sempre foi a menos pior
Se ainda conseguimos rir de tudo
Por pior que isso seja, ainda faz a diferença

Fico imaginando quem roubou nossa inocência
Tento descobrir a quem culpar
Quero acreditar na velha e na nova
Em ser positivo e nunca desistir.





de Venceremos, por Dead Fish.

25 de abril de 2011

sonho comum

nem é nada demais, só um pouco de Paz
um quarto bonito, uma cama de casal e filmes coloridos
no meu sonho comum
umas paredes que construí e umas folhas que escrevi
ser um paraíso na Terra, um refúgio no mundo
um lugar pra me esconder de todos, de tudo
com um amor intenso num quarto escuro
um novo lugar pra chamar de lar
com fogo permitido da ducha à sala de estar
intimidade pra desfrutar
um lindo jardim, espaço pra ver o céu e roupa confortável pra vestir em mim
uma companhia quente em uma rede macia
com música todo dia
um carro que funcione e filhos que me emocionem
dois pares de tênis, um pra passear, outro pra trabalhar
e um amor verdadeiro, pra prosear noite adentro sem cansar,
no meu sonho comum.

repete ad infinitum.

23 de abril de 2011

o que é que fica?

fui tirando as máscaras
os hábitos e a educação
fui desaprendendo o que aprendi a gostar
fui deixando de ouvir os timbres de sempre
um a um, fui matando meus ídolos
fui esquecendo as cores que mais gostava
desaprendi a usar as roupas da moda
os bons modos, deixei de lado
tudo o que li, aniquilado
esqueci as hierarquias sociais
deletei os valores que me alicerçavam
os pudores, ficaram pra trás
me despi perante Deus.

quando a gente tira tudo o que foi aprendido, o que é que fica?


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21 de abril de 2011

Ora Lege Lege Lege Relege labora et invenies.




"Ora Lege Lege Lege Relege labora et invenies."


A inscrição acima, epígrafe da décima quarta — a penúltima — prancha do livro mudo da alquimia, o Mutus Liber, deve encerrar também a profissão-de-fé do estudioso da filosofia.
“Reza, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás” anuncia a conclusão do trabalho alquímico.









Artigo "Apolo-Prometeu e Dioniso: dois perfis mitológicos do
'homem das 24 horas' de Gaston Bachelard", por Alexander de Freitas - USP

14 de abril de 2011

amor é sereno


As pessoas não encontram o amor porque querem frio na barriga constante. Eu já quis. Por isso, vivi mal. A gente se dá mal quando persegue uma coisa irreal. Já tive frio na barriga quinhentas vezes. Frio na barriga acontece com tanta gente. O amor, não. Amor não é calafrio diário, amor é sereno. Amor não é mar agitado, amor é rio tranquilo.


Baseado em Clarissa Corrêa

13 de abril de 2011

o Homem nu


O Homem nu estava preso
O Homem nu se libertou
O Homem nu está aqui
O Homem nu te faz tão mal

Por que tanto desconforto com o Homem nu?
Seria medo da liberdade ou de enfrentar seus próprios tabus?
Preso voluntário em armadilhas culturais
Engessado no passado - confortável irracional!

O Homem nu assaltou um banco
O Homem nu perdeu a razão
Ontem ele matou o Homem Branco, mas acertou em cheio a moral
Ele vai destruir o que foi construído
Vai se entregar, mas sem nenhum objetivo

Finja se orgulhar de seu futuro promissor
Encha de vazio o teu vazio interior!

O Homem nu subiu ao palco e fez o que você não quis
O Homem nu não te tocou, mas você se sentiu invadido
Ele pode te ver, mas você não
O Homem nu rasgou a bíblia mesmo não tendo religião

Você é livre , você é bom... dispa-se e me ignore!


O Homem nu - Dead Fish


King, de CrisVector.

11 de abril de 2011

Só Um

essa busca de Um
objetivo maior
que perpassou por pântanos molhados
e fogos cruéis
deveras forjado, em aço e revés
da estrada que passa
por debaixo de nossos pés
caminha distante, ao contrário e avante
e essa estrada não naufraga o valor
mesmo amordaçado, permanece o calor
de dias de luta, em pele marcada e suor
continua na estrada, olhando tudo que chega
comprovando a cada dia, como é bonito ser de um só.


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6 de abril de 2011

Derramem sangue em vez de lágrimas



O resultado de todo nosso labor é apenas vaidade.
Como todos os divertimentos deste mundo também o são.
O que nos enche o Coração sem o tornar pesado é a alegria verdadeira - a glória deste mundo efêmero.
Não te suponhas livre do pecado.
A diferença entre a igreja e o templo do infiel é apenas vaidade.

Derramem sangue em vez de lágrimas - Colligere


Narciso na Fonte, de Caravaggio.

5 de abril de 2011

tá dentro


Grande prisioneiro próprio! Engaiolado em meus conceitos, arco de ferro daquilo que considero certo, verdadeiro, Real! Impedido de ver o que restou, o que ignorei e que está lá fora. O pensar (pesar) é faca perigosa de dois gumes: com base em quê? Mamãe, me responda em quem confiar! Estou contaminado, este filtro infiel, escoriações e cicatrizes por todo o corpo! Qual será minha grande rocha a que devo me firmar? O meu ponto de partida confiável e verdadeiro? A origem, eu? Ser pensante? A Dúvida como única certeza! Penso logo... Liberte-me, passarinho!!


Por Guto - Fóssil Humano

31 de março de 2011

frase //

Circunstâncias? O que são as circunstâncias? Eu sou as circunstâncias!

// Napoleão Bonaparte

30 de março de 2011

25 verões

Uma coisa que a idade traz, é a estabilidade. O horizonte se equilibra e a visão se torna mais firme. As tribulações da formação vão sendo escanteadas e o que realmente somos vem se firmando. Vontades dos outros, que não nossas, alheias a nós - materializadas em nós - vão sendo desconsideradas e nossa real Vontade, se norteando. Os 25 anos assustam, à primeira vista, mas trazem mais firmeza do que se quer, do que se busca e, em especial, de como fazer. Essa parte é especial: o "como" das coisas. Realizar é a parte mais importante do processo. Visão sem ação é nada. Vontade sem ação é pouco. Falar sem fazer é ofensa. As oscilações - típica característica da juventude tresloucada, diminuem e o chão se mostra mais confiável. Não é assim pra todo mundo. Uns antes, outros depois, outros jamais. Mas chega pra todos.
Chegou aqui.


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28 de março de 2011

ob portus

Os romanos tinham o hábito na antiguidade de dar nome aos ventos. E um vento que eles apreciavam imensamente, que levava o navio em direção ao porto, era chamado de ob portus, o vento oportuno. O que é oportunidade? É quando você pega o vento favorável, aquele que o leva para o porto. O vento inoportuno é o que tira da direção do porto. O que é o porto? O porto - assim como uma porta - é segurança, é entrada e saída, é aquilo que o impede de ficar estanque na coisa mais perigosa que existe, que é ser prisioneiro do mesmo.



Do livro Qual é a tua obra?,
de Mário Sérgio Cortella

frase //

Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar. // Kant

27 de março de 2011



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química



e dessa química entre corpos, verdadeira enquanto reduzida ao ambiente
explosão de artifícios quando em contato
bela como todos os outros laços
pouco confiável em profundidade
é matéria, é matéria
e toda matéria é vã mortal
mas causa de imagens em projeção e parada do Tempo
atemporal no momento
explosão dos sentidos
combustível para o dia-a-dia
beleza de vida.


"A gravidade é um mistério do corpo
Tão somente corpo, tão somente corpo
Como um poema pelo ar tem que virar ausência de corpo
Meu coração aliviado, sonhar em estado solto
Quem mostra a pele pura sob a luz do luar de um dia para o outro
A preciosa rocha que abre do amarelo do teu corpo é luz"


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25 de março de 2011